22 de fev. de 2012

Orquídeas brancas lembravam a vida.
Inteiras, exatamente ali, na borda dura e marrom da árvore.
Assistiam com curiosidade gêmea meu pasmar curioso a cerca delas.
Cândidas, com um miolinho amarelo.
Vivas na forma e no balançar cuidadoso do vento.
Esguias, como que em sua existência vegetal, esticasse um pescoço agudo no lugar do  fino caule. Ansiavam ver todo o interior do café. mesas, pessoas, livros, cheiros... enfim. E, esquecida de si com as outras de sua companhia, talvez nem percebeu. nas pétalas de sua melhor roupa, furtara a atenção da tarde...

3 de fev. de 2012

"... e, contudo, se ainda restasse algo de definido, não daria nome. A mim, valeria mais a sensação furtiva da vontade. Soltas aspirações confusas entre o vapor que me saía e o que restava no embaço das janelas. Concluí as forças. Serenei macio. No limiar entreaberto da boca, escorria o visco de adormecidas palavras. Fui muito antigo e nem me dei conta. Estive animal e sempre soube..."

1 de fev. de 2012

Não raro, e por ser espesso, parecia que os pelos de meu corpo configuravam na boca loba da noite uma existência anônima. Estrangeira a mim mesmo. Ocasionalmente ainda, sugavam as seivas até acobertar sentidos,  voz, fomes. Rugiam seu serpentino rastejar. Crespavam meus lisos polimentos de gente. Me irmanavam com a noite e seu semeado brilho. Agora, estou muito próximo ao chão. É o faro. O farol da hora mais escura da madrugada. Toda a casa dá-se em silêncio como se ali passasse um santo. Talvez fosse. Soltei o bafo jocoso e bastei num costume quadrúpede. Desde cedo soube:ele crescia capilar. Havia um cão atrás de mim.