11 de dez. de 2011

Chuva precipitando-se externa e internamente. Desperto, julguei que a coceira em um dos olhos fosse a queixa do sono em não encarar a vidraça opaca da tarde. Vozes familiares compunham um repertório incompreensível e se misturavam ao que me restava de silêncio. Em todo o corpo a mão de uma voz bulia: "ecos devoram a carne"; saía de mim, mas, era minha aquela voz intestinal? imaginei que, no período medieval, monges acreditavam existir um órgão criador das palavras, verbo feito carne, etc...
divaguei labirínticas iluminuras e tudo o mais foi silêncio. Percorri afazeres domésticos, embrenhei selváticas entranhas pulmonares. Subitamente despertou outro fato: não sei ao certo se foram minutos ou séculos que se adormeceram em mim. No canto da boca, escorria pó.
O tempo passara por ali.

Havia santidade nos objetos.

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