14 de dez. de 2011

Estava sentado à mesa, mas a memória remontava um percurso particular. Passeou o corredor vazio, a cama dada ao embaraço amanhecido do dia, a xícara morna e sem toque. No quintal, alcançou plantas que não vingam, nem morrem, mas como tudo que compõe a lembrança, padecem da mesma eternidade poente que há nas fotografias, nos livros, nas esperas. Por que esperar pode ser (não raro) a companhia de alguns dias, sabe-se, é uma das manias da saudade. Tão logo, desesperei as horas em rabiscos de um tempo sem data. Escrevi. Na língua, senti o gosto do café amadurecer. Fui ritmado por nuvens matutinas. Caí em tentações de ser anjo, pássaro, mosca. Prolonguei a vida num suspiro. Claridades opacas já não constrangiam as vistas.
Apesar de nublado, os olhos bem sabiam:
Não choveria.

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