9 de jan. de 2012

O silêncio abusa de minha língua.
Cria estalos, saliva, hálito. Dedos esfregam a testa, a textura de antigas palavras que não sei dizer, nem ouvir. Perambulam penadas, ausentes de qualquer sentido. Lamúrias, rumores, rezas... a voz de minha avó. Quiçá. Acompanham há dias a rotina silenciosa de meu caminho até o trabalho, o costume mórbido que tem as ruas nos períodos de férias: vento, poeira, chuva, automóveis imóveis. Nada diz, mas quer. Arma tocaia e, não demora, eu sei, despertaria morto com a boca aberta, falando ao dia as coisas que dizem o dia. Sabendo pedir ao céu o gosto amaciado das nuvens, o fedor empoeirado dos pombos e nessa hora perceberia que o ar que serviria até para preencher os pulmões, os vazios. Tudo respira se eu bem souber tocar. Os livros abrigam um certo fôlego de vida quando manuseados como um leque. Ventila...

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